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                          Escola Sem Partido

Desde que Bolsonaro ganhou as eleições para presidente da república, o projeto de lei, “Escola sem Partido”, tomou conta da mídia: televisão, rádio, jornais e internet. Todo mundo fala, fala, fala, eu também quero falar.

Vamos começar pelo lado religioso, todavia deixo duas premissas básicas:

1 - Deus existe.

2 – O leitor tem o direito de discordar e questionar.

Existem duas correntes muito fortes, o criacionismo e o evolucionismo. É possível debater esse tema em sala de aula com isenção? Sim, acredito que é possível, entrementes, é impossível que o professor não deixe de forma muito discreta sua preferência, todavia, isto não será uma ameaça aos alunos, pois a discrição não irá induzir os alunos na preferência do professor.

Imaginemos uma situação hipotética: os evolucionistas poderiam argumentar o seguinte: Deus, ao manifestar-se aos homens pelos profetas, passaria as informações a respeito dele mesmo e como os homens deveriam relacionar-se com os demais, seja numa tribo, numa vila ou na cidade e conforme o grau de conhecimento que os homens tinham no seu tempo.

Noé viveu há 7500 anos atrás. Neste período, o que era mais importante para o homem? Viver em harmonia nas tribos ou saber os segredos da ciência?

Imaginem por exemplo: Albert Einstein explicando para um artesão, 500 anos antes de cristo, a teoria da relatividade e sua aplicabilidade. Seria impossível !

Portanto, se Deus tentasse explicar a origem da vida para Noé seria uma perda de tempo, a não ser que Deus, com sua perfeição, desse conhecimento instantâneo para Noé, mas aí Deus estaria mudando a lógica do processo de aprendizado do homem.

Todavia, Deus deu a inteligência e o raciocínio lógico para o homem desenvolver-se, chegando nos tempos atuais em que a evolução das espécies, seria possível ou verdadeira!

Por outro lado, partindo da premissa que Deus é perfeito, onipresente e onisciente, a possibilidade de que o homem, foi criado a partir do barro, como relata a bíblia, também é verdadeira. Uma vez que pouco a pouco, a revolução no conhecimento é algo impressionante, a física, antes de Isaac Newton, era uma, depois de Newton, as leis da física anteriores a ele, se tornaram infantis. Logo veio Albert Einstein, outro salto inimaginável, fantástico.

Portanto, os conhecimentos de Deus são ainda inimagináveis. A formação ou a criação do universo e do homem, são puras especulações, tipo crianças brincando com lego, montando e desmontando objetos.

Outro fato importantíssimo é a fé. Devemos respeitá-la acima de qualquer coisa, até por que o homem é um ser transcendental. Quero usar o termo transcendental aqui, não só como místico, mas como um ato de reflexão natural do homem em questionar o sentido existencial do homem e sua origem racionalmente.

Faço uma pequena observação em respeito aos ateus. Acredito que os ateus questionam a forma como Deus surgiu entre os homens. Como pode um ser surgir do nada? A razão humana funciona em causa e efeito - não estou afirmando que esse raciocínio é correto.

 O nada não pode produzir nada, apesar que o nada ainda é algo, e o vazio absoluto, também ainda é algo. Um ser que não tem origem ou princípio, é um absurdo para a lógica humana. Portanto, para os ateus, Deus é uma criação humana: certo ou errado, não adentro o mérito da questão.

Acredito que o leitor pode afirmar ou acreditar, que o autor do texto, tem uma preferência clara por uma das duas possibilidades, criacionismo ou evolucionismo, mas o texto busca uma sequência de argumentos com isenção de qual seria a sua preferência.

Passo agora para outra questão. Quando os professores precisam de dar aulas de política.

É natural que as pessoas tenham suas preferências sobre como viver melhor em grupo e na sociedade. Quando a pessoa está na condição de professor ou professora, é mais ainda natural que suas preferências sejam logo percebidas.

A essência das pessoas geralmente se revelam: primeiro de forma inconsciente, depois conscientemente. Ou seja, os alunos podem deduzir a preferência do professor, sem que ele perceba de imediato.

É importantíssimo lembrar que o homem é um animal político. Essa afirmação não é minha, é de Aristóteles. Essa sentença implica que é impossível o homem não agir politicamente.

Ao longo de minha curta vida já vivida, 56 anos, e meu curto tempo de escola e faculdade, fiz algumas reflexões sobre o ensino no Brasil. Existe uma ideologia partidária dentro das escolas? Sim.

Após muitas leituras, participações em palestras, debates e bate papos entre colegas, ficou claro para este que vos escreve: as universidades federais no Brasil, geralmente tem uma influência muito forte da ideologia dos partidos de esquerda, principalmente, nas áreas de humanas.

Ao longo do tempo, uma coisa ficou muito clara: como a esquerda no Brasil pensa: todos os governos são bons, deste que sejam de esquerda. Mas num país que só tem uma ideologia, não há democracia, ou seja, todas as ideologias partidárias são necessárias. Partidos que não aceitam os opostos, não são democráticos, são autoritários ou ditadores.

As democracias só são democracias quando há partidos de várias linhas de pensamentos. É estranho ver que a esquerda no Brasil, só enxerga ela como o bem e a direita como o mal!

O que causa perplexidade é um professor, seja de história, ou de política, ensinar que existe apenas esquerda e direita! Pergunto: e as outras formas de governar?

Autocracia, Democracia, Oligarquia, Teocracia e Comunismo. Todavia dentro de cada forma dessas citadas há suas variáveis.

Conforme escrevi sobre evolucionismo ou criacionismo, buscando isenção, acredito que é possível para os professores transmitir conhecimentos de política sem um viés ideológico.

É impossível dar aula sem passar qual é a preferência do professor, mas afirmo: é possível transmitir conhecimento político sem influenciar os alunos.

O mal maior é que no Brasil, a grade curricular não ensina política para os alunos, ensinam a história da política muito confusamente. O dia em que o MEC colocar na grade do segundo grau, uma disciplina de política e esta disciplina trabalhar apenas com o livro A República de Platão, a Política e a Ética a Nicômaco de Aristóteles, nossos adolescentes saberão exatamente o que é política.

Outro fato que é de uma ignorância bovina, é proibir o professor de dar aulas sobre orientação sexual.

Contra fatos não há argumentos. Por exemplo: entre as adolescentes evangélicas, há vários casos de meninas grávidas a partir dos treze anos, assim como entre as católicas, espíritas, budistas, ou seja, em todas as religiões há esse fato.

Meninos e meninas são extremamente influenciados para a sexualidade precoce. Primeiramente dentro de casa: as novelas, mini séries, filmes e propagandas no modo de vestir e nas maquiagens. Depois, as redes sociais na internet e por fim, a natureza age nessa idade a mil por hora.

O celular é um aparelho que rompeu com os segredos entre os jovens. Com essa ferramenta os jovens trocam informações de todos os tipos, tem acessos a vários assuntos sem preconceitos, portanto, eles sabem o que querem e como fazer.

Sou dos anos 60. Nossos pais nunca, nunca chamaram um filho ou uma filha para orientar sobre sexo. Atualmente duvido que mais de cinco por cento dos casais orientem seus filhos quanto a sexualidade na adolescência.

É fundamental que as escolas devem orientar os alunos quanto à sexualidade. A maior prova de incompetência da orientação sexual dos pais, na atualidade, é a alta taxa de natalidade entre os adolescentes.

O Total de nascimentos de crianças de pais e mães adolescentes foi de 546,5 mil, em 2015. Mães entre 10 e 19 anos. Esses números, provam que se as escolas não orientarem os jovens, a coisa pode - ou vai - piorar.

Esse projeto de lei “Escola sem Partido” é bisonho, bizarro e esdrúxulo, afinal, pedir para um cidadão dar aula de cidadania e ao mesmo tempo não exercer sua cidadania, é no mínimo um paradoxo de uma contradição apavorante.

Acredito que o que é necessário, é tornar os professores melhor capacitados, melhor orientados a seguir uma lógica pedagógica com flexibilidade e buscando sempre a isenção e a imparcialidade.

Conhecimento é gerado na maior parte, através de debates e do livre pensar. Para tudo há regras e leis que devem ser cumpridas, entrementes, as leis não são os fins, mas os meios para uma sociedade mais justa e organizada.




















 
Eder Rizotto
Enviado por Eder Rizotto em 20/11/2018
Alterado em 28/05/2019


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Imagem de cabeçalho: raneko/flickr